Grécia sem meios legais para pedir reparação dos crimes de guerra

O Presidente alemão, Joachim Gauck, afirmou hoje em Atenas que a Grécia não tem mais nenhuma «via legal» para reclamar compensações pelos crimes nazis, como reivindicava o seu homólogo grego, Carolos Papoulias.

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«A Grécia nunca renunciou [às compensações] e exige a abertura imediata de negociações para a resolução desta questão», disse o Presidente da República grego, que recebe Gauck numa visita de dois dias à Grécia.

Acerca desta questão antiga que ressurgiu com a crise, o Presidente alemão limitou-se a responder: «Vocês sabem que eu não posso dar outra resposta a não ser dizer-vos que a via legal está encerrada».

O Governo alemão tem dito sempre que as reparações de guerra foram reguladas no quadro de acordos estabelecidos entre os Estados na Conferência de Paris, em novembro de 1945.

O líder da oposição grega, Alexis Tsipras, do partido de estrema esquerda Syriza, fez desta questão uma bandeira, reivindicando a devida «indemnização por danos materiais e morais, numa altura em que o povo se encontra em situação de crise humanitária».

Gauck encontra-se sexta-feira com Papoulias em Liguiades, uma localidade a 400 quilómetros de Atenas, onde a 03 de outubro de 1943 os nazis mataram 90 pessoas, entre as quais várias dezenas de crianças, em represália contra ataques de resistentes gregos contra o exército alemão.

Em setembro de 2012, a Grécia criou um «grupo de trabalho» para definir o montante das reparações a reclamar a Berlim e, segundo o que foi divulgado pela imprensa, o montante seria de 162 mil milhões de euros.

O Presidente alemão exprimiu o seu «profundo respeito» pelos gregos sujeitos a fortes medidas de austeridade desde 2010 para evitar a falência do país.

Publicado na TSF a 06 de março de 2014