Arquivo mensal: Março 2014

Sapatos portugueses vão andar cada vez mais pela Europa

Apesar dos investimentos crescentes na promoção internacional – e que só nos próximos dois anos ascenderão a 20 milhões de euros -, os industriais portugueses de calçado continuam a concentrar o grosso dos seus esforços no continente europeu.

As vendas para os mercados extracomunitários cresceram 160% desde 2009 e representam já 13% do total das exportações de sapatos. Mas a Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes e Artigos de Pele e seus Sucedâneos (APICCAPS) garante que esse peso relativo já não será muito alterado. “A Europa não é um, são 28 mercados ricos”, lembra o diretor geral, Manuel Carlos.

Para a APICCAPS, a perspetiva é que o contributo dos mercados extracomunitários suba até aos 20% até 2020, mas não vá além disso. “A União Europeia é um conjunto de 28 países com realidades diversas, heterogéneas. Um conjunto vasto de países com culturas, hábitos de consumo e tradições distintas, mas com um rendimento per capita médio dos maiores do mundo”, refere Manuel Carlos, que sublinha: “O nível de concentração, num espaço geográfico tão pequeno, de uma população tão rica, faz com que estes territórios sejam mercados alvo prioritários”.

Sobretudo para um indústria que, nos últimos 20 anos, foi evoluindo na gama de produto e de preço. “A indústria portuguesa dedica-se hoje à produção de sapatos mais sofisticados e que se destinam a uma segmento de consumidores com um maior poder de compra”, acrescenta.

O que não significa que os empresários descurem novas oportunidades e novos mercados. Bem pelo contrário. “Estamos muito atentos à evolução do mundo, dos tempos, da história e à volatilidade das economias. Não perdemos nunca a oportunidade de explorar novos destinos, mas mantendo sempre uma posição muito firme e muito forte na Europa”, diz o diretor geral da APICCAPS. Que lembra que este é o percurso oposto ao da economia portuguesa como um todo, que tem “desconcentrado as suas exportações para fora da UE”.

Publicado em Dinheiro Vivo a 10 de março de 2014

Inventores portugueses têm cada vez mais patentes na Europa

As empresas e os inventores portugueses apresentaram 199 pedidos de patentes no Instituto Europeu de Patentes, em 2013, o que representa um aumento de 34% face ao ano anterior. Os pedidos nacionais são liderados por uma empresa de instalações sanitárias.

No ano passado, os pedidos de patentes no Instituto Europeu de Patentes (IEP) “voltaram a bater um recorde”, com Portugal a registar um dos maiores aumentos.

Segundo o IEP, os pedidos vindos de Portugal têm crescido em média, 11,3% ao ano, nos últimos dez anos, um crescimento só igualado pelos países asiáticos. Portugal ocupa agora o 36.º lugar do ranking mundial. Em 2012 ocupava o 40.º lugar.

As empresas portuguesas que mais pedidos de patente apresentaram foram a Oliveira & Irmão (sete pedidos), Bial-Portela (quatro), Universidade do Minho (quatro), Biosurfit (três), Consumo em Verde – Biotecnologias das plantas (três), Gowan Comércio Internacional e Serviços (três), Internet Business Technologies – Informática (três) e Novadelta (três).

Ao todo, o IEP recebeu 265 mil pedidos de patentes no ano passado, mais 2,8% do que em 2012 e o maior crescimento de sempre.

Os Estados Unidos e o Japão foram os países que mais pedidos registaram, enquanto a China (mais 16%) e a Coreia do Sul (mais 14%) tiveram um crescimento maior, comparativamente ao ano passado.

Os pedidos provenientes da Europa mantiveram-se estáveis com alguns países em crescimento, além de Portugal, como os Países Baixos (mais 17%), Irlanda (mais 9%) e Suécia (mais 7,5%).

Diminuiram os pedidos provenientes da Polónia (menos 3%), Bélgica (menos 7,4%), Alemanha (menos 5,4%), Reino Unido (menos 3%), Itália (menos 2,7%) e Suíça (menos 2%).

Os pedidos de patentes dos EUA (mais 2,8%) e do Japão (mais 1,2%) cresceram de forma moderada, tendo estes dois países registado os números mais elevados de pedidos.

O IEP concedeu 66.700 patentes europeias no ano passado, um aumento de 1,6% em relação a 2012 e “o maior aumento de sempre”, segundo o organismo.

A lista de empresas com mais pedidos de patentes no IEP é liderada pela Samsung (2.833 pedidos), seguida pela Siemens (1.974) e a Philips (1.839). A BASF (5ª),

No “top 10” contam ainda empresas como a Robert Bosch e a Ericsson.

O presidente do IEP, Beno”t Battistelli, sublinha que “os pedidos de patentes na Europa estão em crescimento pelo quarto ano consecutivo”.

“Este crescimento é a prova de que as empresas de todo o mundo veem a Europa como um polo primordial de inovação”, adiantou.

Oliveira & Irmão lidera pedidos

A Oliveira & Irmão, da área das instalações sanitárias, lidera a lista das empresas portuguesas que mais patentes pediram em 2013 ao Instituto Europeu de Patentes. A empresa é líder ibérica na produção de autoclismos e um dos principais “players” europeus, exportando para mais de 60 países.

A fábrica, sediada em Aveiro, venceu em 2013 o “Prémio Kaizen Lean”, do Instituto Kaizen, na categoria “Excelência na Produtividade”, pelo aumento da produtividade e eficiência operacional, distinção que reconhece a melhoria contínua e a inovação dos processos.

Segundo o presidente do conselho de administração, António Oliveira, “a investigação e desenvolvimento incorpora o ADN da empresa”, sendo o investimento anual em Inovação da ordem de um milhão de euros.

“O objetivo é afirmar a OLI como um “player” mundial no desenvolvimento e produção de soluções de banho, tecnologicamente avançadas e sustentáveis hídrica e energeticamente”, explica.

A dupla descarga da água do autoclismo foi uma invenção da OLI há vinte anos e hoje é uma tecnologia presente em qualquer parte de mundo, responsável por uma poupança de água na ordem dos 50%, mas outras inovações mais recentes merecem destaque.

São exemplos a torneira de bóia “Azor Plus”, a placa de comando “Moon Ceramic” e o sistema autoportante “Easy Move”.

A torneira de bóia “Azor Plus” permite poupar até nove litros de água por dia, o que equivale a uma redução de 2% da fatura mensal. Esse aumento da eficiência deve-se ao sistema retardador de entrada de água no reservatório do autoclismo que impede o enchimento do tanque, enquanto a válvula de descarga se encontra aberta.

A placa de comando “Moon Ceramic”, que ativa a descarga do autoclismo por aproximação, apresenta o inovador sistema “Hidroboost”, que dispensa a ligação à rede elétrica ou a substituição de pilhas, porque ao aproveitar a energia da água em movimento, cria e armazena energia que é posteriormente utilizada para ativar as descargas.

Trata-se de uma solução que foi desenvolvida pela empresa em parceria com o Centro de Nanotecnologia e Materiais Técnicos, Funcionais e Inteligentes (CeNTI).

O sistema “Easy Move”, compatível com todas as sanitas suspensas, é outra das mais recentes novidades, permitindo ao utilizador ajustar a altura do sanitário à sua medida, ajustando-se às características dos utilizadores com mobilidade reduzida, de estatura alta ou crianças.

Publicado no Jornal de Notícias a 06 de março de 2014

Coleção do Museu do Caramulo passa a ter veículo histórico da II Guerra Mundial

O Museu do Caramulo, no concelho de Tondela, passou a ter na sua coleção permanente um veículo histórico da II Guerra Mundial que serviu o exército norte-americano no transporte de infantaria e material bélico durante a libertação da Europa.

Segundo o diretor do Museu do Caramulo, Tiago Patrício Gouveia, trata-se de um Autocar M3 Half Track, de 1943, que usa lagartas em vez de rodas traseiras.

“Será uma grande atração para os nossos visitantes, pois trata-se de um veículo com uma história incrível, que as pessoas só conhecem de filmes ou documentários e que agora poderão ver e conhecer ao vivo”, referiu.

Tiago Patrício Gouveia sublinhou que este é “o único exemplar” em Portugal e um veículo muito diferente dos restantes que o museu tem em exposição, “tanto pelo percurso, como pelo seu design e pela sua imponência”.

Depois do fim da guerra, o veículo continuou em solo europeu e foi “trocado várias vezes de mãos”, até que foi adquirido na Holanda para passar a integrar a coleção do Museu do Caramulo.

O Autocar M3 Half Track vai ser oficialmente apresentado na exposição “Jeep Attack!” do Salão Motorclássico, que decorrerá no início de abril, na FIL, em Lisboa.

No histórico sobre este veículo, o Museu do Caramulo conta que, “decidido a melhorar as condições de mobilidade das suas tropas, o exército norte-americano adquiriu, no final da década de 20, vários modelos Citroën-Kégresse para estudo”.

“Distintos por utilizarem lagartas em vez das rodas traseiras, estes modelos eram ótimos para terrenos acidentados, onde carros normais não conseguiam penetrar. Sob a supervisão do Departamento de Material Bélico norte-americano, foram então construídos vários protótipos, que mais tarde dariam origem aos famosos modelos M2 e M3”, acrescenta.

O Museu do Caramulo explica que, com uma carroçaria mais imponente do que a do modelo M2, o M3 Half Track “podia ser utilizado em diversos tipos de cenários de guerra, mas a sua principal função era o de transporte de tropas”.

Com 6,52 metros de comprimento, dez lugares na parte traseira e mais três na cabina, “o M3 levava também munições e armamento atrás dos bancos” e muitas vezes “eram acrescentados suportes exteriores de modo a transportar mantimentos, mochilas e outros itens”.

Fundado há 60 anos, o Museu do Caramulo alberga coleções de arte, de automóveis, motos e bicicletas e de brinquedos antigos.

Publicado em RTP a 19 de fevereiro de 2014

Museu Coleção Berardo eleito um dos melhores da Europa

O Museu Coleção Berardo é um dos dez melhores museus gratuitos da Europa. A escolha foi feita pelo jornal britânico ‘The Guardian’ que colocou o museu português em quinto lugar, numa lista onde constam também o Museu de Arte Moderna de Paris ou o Museu do Prado, em Madrid.

Aberto ao público desde 2007, o Museu Berardo, em Lisboa, é descrito pelo jornal como uma atração cultural “recente e impressionante”, com destaque para as “obras vibrantes de famosos artistas pop como Warhol, Pollock e Lichtenstein e para os trabalhos de grandes nomes como Picasso, Dali e Francis Bacon”.

As exposições temporárias regulares, com enfoque em artistas ou temas específicos, também merecem elogios da parte da publicação britânica. A exposição ‘O Consumo Feliz’, por exemplo, é retratada como “uma exposição maravilhosa de cartazes vintages que o público deseja ver e que mostra uma coleção incomparável de arte publicitária”.

Da lista dos melhores museus gratuitos da Europa fazem ainda parte o Museu de Arte Moderna de Paris, o Museu Stadsarchief de Amesterdão, o Memorial do Muro de Berlim, na Alemanha, o Museu Nacional de Copenhaga, o Museu de Belas-Artes de Nice, em França, o Museu do Prado, em Madrid, o Museu Florence Nightingale, na Turquia, o Museu Histórico da Libertação, em Roma, e o Museu da Fotografia de Reiquiavique, na Islândia.

Publicado em Boas Notícias a 22 de janeiro de 2014

Português vence Grande Prémio Press Cartoon Europe

O cartoonista Rodrigo de Matos foi o vencedor do Grande Prémio Press Cartoon Europe. O português venceu o concurso que distingue os melhores cartoons publicados em jornais, revistas e meios de comunicação online de toda a Europa. O cartoon premiado caricatura o futebol e a crise económica portuguesa.

Promovido pelo Press Cartoon Belgium, o Press Cartoon Europe atribui um prémio no valor de 8.000 euros. Este ano, o galardão foi entrege a Rodrigo de Matos, graças ao cartoon que revela um mendigo com uma tigela nas mãos, a ser servido com uma concha onde está colocada uma bola de futebol.

O objetivo passar por fazer referência à crise económica no país e ao apuramento de Portugal para o campeonato do mundo, este ano, no Brasil.

A colaborar com o semanário ‘Expresso’ desde 2006, o cartoonista luso vai, agora, receber o prémio no Festival Internacional de Cartoon, em Knokke-Heist, na Bélgica, sendo que o segundo prémio foi atribuído a Tjeerd Royaards e o terceiro a Hajo de Reijger, ambos por cartoons publicados na Holanda.

Natural de Angola, Rodrigo de Matos estudou jornalismo em Coimbra, onde também se licenciou em Ilustração Editorial e de Imprensa. Atualmente, reside em Macau e publica no jornal macaense ‘Ponto Final’.

Publicado em Boas Notícias a  14 de fevereiro de 2014

Autarcas da “Plataforma A25” querem unir esforços com Castela e Leão

Os autarcas que integram a “Plataforma A25” decidiram encetar contactos com autoridades locais e regionais de Castela e Leão para unirem esforços na defesa do corredor rodoferroviário Aveiro – Viseu – Guarda – Salamanca.

A decisão foi tomada numa reunião realizada na quarta-feira à noite entre os presidentes das Câmaras de Aveiro, Guarda e Viseu, a segunda da “Plataforma A25”.

O presidente da Câmara de Viseu, Almeida Henriques, explicou hoje aos jornalistas que foi decidido reiterar o apoio ao corredor ferroviário Aveiro – Viseu – Vilar Formoso.

“Este corredor é para nós prioritário, quer do ponto de vista do transporte de mercadorias, quer do transporte de passageiros”, frisou, referindo o facto de “70% das mercadorias exportadas do Centro Norte de Portugal saírem através da A25”, o que demonstra “a importância que este eixo ferroviário poderá vir a ter”.

Segundo Almeida Henriques, ficou também decidido mostrarem “disponibilidade para as formas que o Governo venha a encontrar até de faseamento de obra ou de uma metodologia que permita eventualmente construir metade do corredor agora, metade no próximo quadro comunitário de apoio”.

Na reunião, os três autarcas decidiram encetar contactos com as autoridades locais e regionais de Cidade Rodrigo, Salamanca e da Região de Castela e Leão com vista à defesa do corredor logístico E80 (estrada europeia).

“É uma via que não acaba em Vilar Formoso, continua por Espanha e depois segue para a Europa central. Portanto, desse ponto de vista, também vamos iniciar contactos para que rapidamente possamos fazer esta reunião”, disse Almeida Henriques.

Foi ainda abordada na reunião a possibilidade de as três cidades portuguesas aproveitarem sinergias nas áreas cultural e desportiva.

“Vamos criar aqui uma rede para a potenciação da cultura nestas três cidades capitais de distrito e, ao mesmo tempo, apostar em alguns eventos desportivos conjuntos”, avançou.

A próxima reunião da “Plataforma A25” acontecerá na Guarda.

Publicado na RTP a 27 de fevereiro de 2014

Quatro investigadoras distinguidas com prémio europeu

Quatro investigadoras lusas (duas da Universidade do Porto, uma da Universidade do Minho e outra do Instituto Superior Técnico) vão ser distinguidas com prémios da Sociedade Europeia de Microbiologia e Doenças Infecciosas (ESCMID).

Os galardões da ESCMID têm como objetivo apoiar jovens cientistas europeus que desenvolvam investigações de excelência nos campos da microbiologia clínica e das doenças infecciosas. De acordo com a Universidade do Porto, a seleção dos vencedores coube a um júri composto por algumas das maiores figuras internacionais no estudo daquelas áreas do conhecimento.

No Porto, Isabel Soares-Silva , da Faculdade de Medicina, e Sandra Sousa, do Instituto de Biologia Molecular e Celular são duas dos treze cientistas de toda a Europa que vão ser premiados com uma bolsa de 20.000 euros.

Isabel Soares-Silva, licenciada em Biologia Aplicada e doutorada em Ciências Biológicas pela Universidade do Minho, será distinguida pelo seu projeto intitulado ‘Establishment of an in vitro model system for the study of biofilm formation in haemodialysis tunneled catheters’. Atualmente, a investigadora divide o trabalho entre o Serviço de Nefrologia do Hospital de S. João e a Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.

Por seu lado, Sandra Sousa, doutorada em Microbiologia Celular pela Universidade de Paris VII vai aplicar o valor do prémio no projeto ‘Novel interfaces during host responses to pore forming toxins: Crosstalk between ER chaperones and cytoskeletal proteins’.

A cientista foi já distinguida com uma Medalha de Honra L’Oréal Portugal para as Mulheres na Ciência, em 2005, sendo uma das onze figuras selecionadas pela Câmara Municipal do Porto, em 2012, como modelo de referência para alunos do ensino básico e secundário.

Publicado em Boas Notícias a 24 de fevereiro de 2014

Fotógrafo transporta ícones arquitectónicos de Londres para sul de Portugal

Combinar a economia do Reino Unido com a actividade turística do Algarve seria, certamente, um bom resultado – e talvez uma boa solução para a crise económica do país. Foi sobre esta ideia – de misturar os dois países – que se debruçou o fotógrafo Gus Petro, embora não com o objectivo de melhorar a realidade financeira.

Petro combinou, através de montagem fotográfica, vários edifícios característicos de Londres com as paisagens da costa sul portuguesa. O resultado foi Weld – a junção de dois projectos fotográficos que deu origem a incríveis paisagens dramáticas.

Para nós, portugueses, que nos identificamos com a costa algarvia, não deixa de ser interessante ver no que poderá estar a transformar-se este belo pedaço do nosso País. Se não existir uma política sustentável de ordenamento do território, em breve o Algarve pode ser assim.

Petro, que vive em Zurique, na Suíça, descreve o projecto como o momento em que “o centro se encontra com o limite”, refere o Atlantic Cities. Assim, o resultado final é encarado pelo artista como uma ode à história da Europa, um local cheio de edifícios de uma cidade que “já foi o centro da Europa” misturados com paisagens que, durante a Idade Média, se pensou serem os limites do mundo como era então conhecido.

Para os que preferirem admirar os trabalhos fotográficos em separado, as paisagens da costa vicentina e algarvia podem ser vistas em Edge e os edifícios históricos de Londres em Core.

Gus Petro tinha já trabalhado num projecto semelhante, quando misturou as paisagens do Grand Canyon com os edifícios de Manhattan.

Publicado em Green Savers a 01 de março de 2014

Estudante luso-holandesa cria empresa para potencializar o turismo marítimo português

Femke Irik é uma holandesa de 22 anos que vive em Portugal desde os oito. A trabalhar no sector do turismo marítimo algarvio há cinco anos, esta jovem luso-holandesa rapidamente percebeu o potencial deste sector e resolveu lançar a sua própria empresa: a SeaBookings.

A SeaBookings foi fundada pela jovem e pela sua irmã, Bo Irik, e um amigo, Márcio Santos. Bo Irik, também uma empreendedora, lançou em 2008, um grupo no Facebook de oferta e procura de boleias entre Lisboa-Algarve-Lisboa, que conta com mais de mil membros que partilham boleias entre as duas regiões.

O projecto desta jovem consiste numa plataforma online onde os turistas podem pesquisar e comprar bilhetes para actividades marítimas, como passeios de barco, kayak, surf, mergulho e outros. O SeaBookings começou a ganhar os primeiros contornos durante os anos de faculdade, quando Femke estudava gestão na Nova School of Business and Economics. O projecto foi apresentado na Nova Idea Competition, onde ficou em terceiro lugar.

Incentivar o turismo de natureza

A SeaBookings vai ser agora lançada no Algarve, mas pretende, em breve, disponibilizar ofertas para toda a costa nacional. A plataforma surge no sentido de resolver os problemas dos operadores marítimo-turísticos e dos turistas, criando uma aproximação entre os dois agentes. “A SeaBookings aproxima os turistas dos operadores marítimo-turísticos, que devido à sua pequena dimensão, normalmente não têm um sistema de marcações online”, explica Femke Irik.

De acordo com a fundadora, a maioria dos operadores deste sector faz as suas reservas manualmente, o que dá origem a problemas de gestão das marcações. Adicionalmente, os turistas apenas têm a possibilidade de adquirir bilhetes para as actividades marítimas uma vez chegados ao local, já que oferta de reservas directas online é bastante escassa. Femke acredita que a plataforma, que possui um sistema aberto de ratings e comentários, vai ter “certamente um efeito positivo na qualidade do serviço prestado pelos operadores”.

Esta ferramenta poderá também aumentar drasticamente os negócios que dependem do turismo de natureza para sobreviver- um mercado que tem vindo a crescer em Portugal, mas cujo potencial ainda não estará completamente explorado.

Publicado em Green Savers a 11 de fevereiro de 2014

Museu Beethoven festeja 125 anos com exposição de objetos inéditos

Graças a inicitiva dos moradores de Bonn, a casa onde o compositor nasceu é mantida como museu. Há 125 anos foi fundada a instituição que salvou esse patrimônio cultural do esquecimento e da demolição.

A casa no centro histórico de Bonn, que abriga a mais importante coleção referente à vida e obra de Ludwig van Beethoven (1770-1827), recebe mais de 100 mil visitantes por ano. Isso “se deve a três presentes da história”, como explicou o diretor da Beethovenhaus, Malte Boecker, durante a abertura da mostra comemorativa dos 125 anos da instituição, na segunda-feira (24/02).

“O primeiro é que Ludwig van Beethoven nasceu em Bonn. O segundo, e provavelmente maior presente, é a fundação de uma associação de cidadãos, em 1889, para preservar o local de nascimento do compositor. E o terceiro é o milagre de a casa não ter sido destruída pelas bombas na Segunda Guerra Mundial”, enumera Boecker.

Damas de pouca roupa na casa de nascença

A Casa de Beethoven ostenta uma história realmente movimentada. Em 1889, por exemplo, mais de 60 pessoas viviam nos andares superiores do imóvel localizado na Bonngasse 20. No térreo ficava uma estalagem. A atração era a cervejaria vizinha, em que as parcamente vestidas jovens da orquestra feminina Tingeltangel tocavam música de dança. Até onde se sabe, seu vestiário ficava no quarto onde Beethoven nasceu.

Após uma visita a Bonn, em 1885, o influente crítico de música vienense Eduard Hanslick ficou indignado com o estado lastimável do local de nascimento de Beethoven. Ele atacou a cidade violentamente por essa “atitude frouxa” com o legado do grande músico. O então prefeito, Hermann Jakob Doetsch, não se deixou impressionar: “Um gajo maluco como esse [Beethoven] ainda consegue prejudicar seriamente a fama da cidade, depois de tanto tempo”, contra-atacou.

“O local de nascimento de Beethoven na Bonngasse estava ameaçado de ruína iminente”, conta hoje o editor de jornal Hermann Neuss, bisneto de um dos salvadores do monumento. “Em 24 de fevereiro de 1889, os 12 ‘amigos de Beethoven’ se encontraram na casa do meu bisavô, na Praça da Catedral, para fundar uma associação para salvar a casa”, diz Neuss orgulhoso. Eles decidiram “adquirir, sanear e, por fim, criar lá um memorial a Beethoven”. O preço da compra do prédio foi 57 mil marcos.

Apoiadores célebres

Neuss e seus colegas não só sustaram a ameaça de demolição, como também adquiriram uma grande quantidade de manuscritos, imagens, bustos e relíquias de Beethoven – base da atual Coleção Beethoven de Bonn.

Já em 1890, puderam ser expostos 360 dos objetos, numa primeira grande mostra. O trabalho da associação recebeu imediatamente o respaldo de músicos do primeiro escalão, na época, como Johannes Brahms, Clara Schumann e Giuseppe Verdi.

O famoso violinista Joseph Joachim organizou um grande festival de música de câmara naquele mesmo ano. A casa transformada museu foi finalmente inaugurada em 10 de maio de 1893, durante um segundo festival camerístico.

Olhando para o futuro

A exposição especial em comemoração aos 125 anos da Beethovenhaus apresenta inúmeros documentos históricos, como filmes, gravações, cartas e recortes de jornais, em parte inéditos, traçando um arco histórico de desde antes da fundação até as atividades atuais do centro, no século 21.

Particularmente tocante é a área da exposição sobre a Segunda Guerra Mundial. A casa é uma das poucas do centro de Bonn que resistiu aos bombardeios praticamente incólume. Arriscando a própria vida, o então zelador do museu protegeu o edifício durante um ataque aéreo em outubro de 1944, simplesmente atirando para os jardins adjacentes as bombas incendiárias que caíam sobre o telhado da casa.

A mostra transmite bem o clima de perigo, apresentando, além de uma das bombas, trechos de noticiários cinematográficos da época e fotos da restituição do acervo, em maio de 1945, o qual ficara guardado num local mais seguro durante a guerra.

“Temos uma grande tradição, e nossa responsabilidade é manter a vida, a obra e a influência de Beethoven vivas para o futuro”, diz Malte Boecker. Isso se aplica em especial, é claro, ao 250º aniversário de Beethoven, em 2020.

Para o ano de jubileu planejam-se, entre outros eventos, um estudo científico, em cooperação com a Universidade de Bonn, sobre a história da Casa Beethoven durante o período do nacional-socialismo; além de uma revisão conceitual completa da exposição permanente, explica Boecker, acrescentando que “isso implica uma expansão em termos de espaço.”

A exposição especial na Beethovenhaus com 100 novas peças, em parte jamais expostas, pode ser visitada em Bonn até 17 agosto.

Publicado em Deutsche Welle a 01 de março de 2014