A endocrinologista Isabel do Carmo afirma que a suposta intolerância à lactose é uma moda, para a qual não existe qualquer fundamento científico, e que resulta da influência da indústria de produção de soja.
Este tema foi tratado pela especialista durante o seminário “Consumo de leite e laticínios — O que pode estar a mudar”, no dia 13 de janeiro, num painel subordinado ao tema “Elogio do leite”, no qual vai explicar a relação entre o leite e a evolução do ser humano, na Europa.
“O ser humano estabeleceu-se há sete mil anos com o pastoreio. Nessa altura o adulto perdia a lactase. Houve depois uma mutação que permitiu que desdobrasse a lactose”, explicou à Lusa.
Isso significa que há milhares de anos que os europeus possuem essa enzima chamada lactase, que desdobra a lactose, e permite ao organismo processar este açúcar presente no leite, pelo que considera que “a história da intolerância ao leite está mal contada”.
“A mutação tem sete mil anos. E não há nenhuma mutação atual ao contrário. A intolerância é uma moda, que suspeito seja influência da indústria norte-americana de produção de soja e leite soja”, afirmou.
A médica sublinha, a propósito, que a tendência para se deixar de consumir derivados de leite também não faz sentido, visto que estes alimentos não possuem lactose.
“Quando o leite se transforma em iogurte ou queijo, mesmo para quem tenha efetivamente intolerância, deixa de haver lactose e passa a haver ácido láctico [a lactose transforma-se em ácido láctico por fermentação] e o valor nutricional mantém-se”.
Notícia publicada no Diário de Notícias a 13 de janeiro.