Jogam futebol, têm sucesso e sentem que hoje são mais respeitadas

Futebol no feminino. Fizeram história ao conseguir o apuramento para o Europeu. Muitas são profissionais, outras trabalham e estudam.

São quase todas profissionais, muitas atuam em grandes clubes no estrangeiro e já fizeram história, ao apurarem a seleção feminina de futebol pela primeira vez para um Europeu da modalidade, um marco que pode ter contribuído para que as pessoas olhem para elas de outra maneira.

As nossas atletas não se sentem discriminadas por jogarem à bola. “Nunca senti isso. Comecei a jogar com os meus irmãos, que me incentivaram, depois com amigos. Era a menina da equipa, mas nada de depreciativo. É verdade que cheguei a ouvir nos primeiros tempos um “vai para casa”, mas hoje é raro isso acontecer. E também há insultos no futebol masculino”, sublinha Matilde, enquanto Patrícia Morais, guarda-redes de 24 anos do Sporting, diz que “cada vez se fala mais no futebol feminino”. “É um sinal de crescimento, que nos deixa a todas orgulhosas”, diz ao DN. (…) Por cá também há atletas que fazem exclusivamente do futebol o seu modo de vida, como Patrícia Morais e Ana Borges, agora no Sporting, depois de terem jogado em França e em Inglaterra.

Num mundo cada vez mais profissional, sobretudo se tivermos em conta a realidade das jogadoras chamadas para a Algarve Cup – que será a base para o Europeu -, também existem exceções. Matilde Fidalgo está a poucos meses de completar o mestrado em Engenharia de Energia e do Ambiente, Jamila Martins trabalha num restaurante e Patrícia Gouveia num banco. As duas últimas não integraram a convocatória para a prova no Algarve, que hoje termina, mas são ambas internacionais. Patrícia está grávida de 24 semanas, vai ter uma menina, mas já disse que pretende voltar ao futebol.

Patrícia Morais também coloca o futebol em primeiro lugar e já pensa daqui a uns anos ser treinadora de guarda-redes, embora pisque o olho, de quando em vez, aos estudos de Marketing entretanto interrompidos. Diferente é a posição da engenheira Matilde Fidalgo, que, mesmo sem descurar seguir a via profissional no futebol, coloca os estudos em primeiro lugar.

Adaptação de notícia publicada no Diário de Notícias a 8 de março