Para assinalar um ano da exposição “Culturas e Geografias”, a Universidade do Porto abre portas, nas manhãs do próximo fim de semana (5 e 6 de dezembro), a visitas guiadas gratuitas que permitirão conhecer as histórias associadas a quase 300 peças de arqueologia oferecidas pela Alemanha a Portugal, em troca de uma coleção que os portugueses tinham “aprisionado” na Primeira Guerra Mundial.
Vasos de vísceras, usados no Antigo Egito, fazem parte da exposição. © José Eduardo Cunha / MHNC – UP
Esta exposição remonta a 1916, ano em que foram presos, aproximadamente, 70 navios da frota alemã ancorados no porto de Lisboa – este, até então, se afigurava como um porto neutral. A ação foi feita por pressão dos britânicos, que já estavam no grande confronto. O SS Cheruskia era uma das embarcações, e carregava 448 caixas com achados do famoso arqueólogo alemão Walter Andrae. Por conta deste apresamento a Alemanha declarou guerra a Portugal.
Mesmo depois de assinado o Tratado de Versalhes (1919) que pôs fim à Primeira Guerra Mundial, a Alemanha continuou a fazer pressão para obter os tesouros tomados por Portugal. Mas, só em 1925 o governo português assinou a devolução do conteúdo da embarcação e, em troca, recebeu peças originais e réplicas em gesso de antiguidades oriundas de cinco continentes. Dos 689 objetos catalogados, mais de 250 podem ser vistos pelo público nesta exposição.
Adaptação da notícia de Rui Frias publicada no site Diário de Notícias a 4 de dezembro de 2020.