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Custo da mão-de-obra sobe 3,6% em Portugal

Os custos horários da mão-de-obra aumentaram, no terceiro trimestre (abril a junho), 1,5% na zona euro e 1,9% na União Europeia, segundo dados divulgados pelo Eurostat. Em Portugal, o indicador cresceu 3,6%.

Esta subida, apenas em território português, representa o dobro do aumento, relativamente a toda a Zona Euro e União Europeia.

Segundo o gabinete oficial de estatísticas da EU, a Roménia (14,7%), a República Checa (9,0%), a Bulgária (8,4%), a Letónia (7,7%) e a Lituânia (6,8%) foram os países onde os custos horários da mão-de-obra mais subiram.

A Croácia (-6,5%), Malta (-2,1%) e Itália (-0,5%) foram os países onde o indicador recuou.

In Jornal Económico

Zona euro cresce mais do que o esperado com ajuda de Espanha e Alemanha

O crescimento económico vai regressar à zona euro que, impulsionada por Espanha e Alemanha deverá avançar 1,7% em 2016, diz o FMI.

Christine Lagarde, diretora-geral do FMI. Fotografia: Mariana Bazo/REUTERS

Alemanha e Espanha vão recuperar o crescimento económico já este ano e ajudar, desta forma, a zona euro a crescer mais do que o esperado. A previsão é do FMI que esta terça-feira atualizou o seu Economic Outlook para a economia mundial.

Num ano que será de “desafios”, com a China a pressionar todos os países do mundo, o FMI reviu em baixa o crescimento para a economia mundial. Em 2015, o mundo terá crescido 3,1%, em 2016 e 2017 crescerá 3,4% e 3,6% – menos do que Lagarde esperava em outubro. Será, por isso, um ano de “desilusão”, diz o FMI.

A pesar no crescimento – ou falta dele – estará a China que “atravessa um período de transição económica” e que deverá crescer ao ritmo mais baixo dos últimos 25 anos: 6,3% em 2016, reduzindo para 6% em 2017. “O crescimento da economia chinesa está a evoluir como o previsto, mas com uma desaceleração mais rápida do que o esperado”, refere o FMI, sinalizando um travão nas exportações e importações como consequência do desinvestimento e da desaceleração da atividade industrial.

Apesar disto, na zona euro, o crescimento será acima do que se previa inicialmente: 1,7%, o mesmo que a Alemanha, sozinha, deverá conseguir já este ano e uma décima acima do que inicialmente se previa.

Notícia publicada no Dinheiro Vivo a 19 de janeiro.

Trabalhadores terão 30 dias para confirmar se querem reforma antecipada

Regras das reformas antecipadas vão mudar, anunciou ministro do Emprego e da Segurança Social.

Vieira da Silva, ministro da Solidariedade, Emprego e Segurança Social, disse na SIC Notícias que “o Orçamento para a Segurança Social [é] equilibrado e [dá] resposta aos compromissos assumidos pelo Governo”, revelando ainda que o Governo alterou as regras de acesso à reforma antecipada.

No programa ‘Negócios da Semana’, o ministro explicou que muitos contribuintes são penalizados por não terem conhecimento do valor real da pensão antes do pedido de reforma antecipada, situação que o novo modelo prevê combater. As novas regras, indicou Vieira da Silva, darão “à pessoa uma oportunidade de pensar duas vezes antes de embarcar numa solução que pode parecer interessante do ponto de vista do curto prazo, mas que tem atrás de si cortes que podem chegar a 50% do valor da pensão, que a pessoa poderia ter direitos se permanecesse mais tempo no mercado do trabalho”.

Por outro lado, Vieira da Silva garantiu que os trabalhadores com as carreiras contributivas mais longas terão penalizações menores no caso de pré-reforma, considerando que o modelo em prática é “extremamente penalizador”. E sublinhou que os cortes nas pensões previstos pelo atual Governo são inferiores aos estimados pelo Executivo anterior, de Passos Coelho e Paulo Portas.

Notícia publicada no Diário de Notícias a 21 de janeiro.

Grupo de 31 países assina acordo de troca de informação entre multinacionais

Maioria dos países integra a União Europeia. Objetivo passa por evitar que empresas multinacionais, através de manobras contabilísticas, deslocalizem os seus resultados.

Um grupo de 31 países assinou em janeiro um acordo internacional que estabelece um intercâmbio automático de informação relativa a multinacionais, que terão de detalhar os seus benefícios e outras áreas da atividade nos Estados em que vigora o pacto.

Segundo a agência de notícias espanhola EFE, este acordo é o primeiro passo do projeto BEPS, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e do G20, para evitar que as empresas multinacionais, através de manobras contabilísticas, deslocalizem os seus resultados para territórios que oferecem uma fiscalidade mais favorável.

A maioria dos membros desta iniciativa (20 dos 31 países) é membro da União Europeia, incluindo as cinco maiores economias (Alemanha, França, Reino Unido, Itália e Espanha), mas a lista inclui ainda Estados com uma fiscalidade atrativa para as empresas (Áustria, Bélgica, Holanda e Luxemburgo).

Além destes, também a Suíça e o Liechtenstein, acusados de forma reiterada de atuar como paraísos fiscais, a Austrália, o Chile, a Costa Rica, o Japão, a Malásia, o México, a Nigéria, a Noruega e a África do Sul aderiram ao acordo.

Concretamente, este acordo significa que os países signatários aceitam e declaram que a autoridade competente vai recolher, tratar e trocar informações que lhe serão fornecidas pelas empresas multinacionais, sendo que estas informações serão confidenciais, pelo que são cobertas pelo sigilo fiscal.

Notícia publicada no Público a 27 de janeiro.

Acordo fiscal da Google no Reino Unido na mira de Bruxelas

A gigante continua na mira da Comissão Europeia. A tecnológica acordou pagar 172 milhões de impostos em atraso, mas o acordo não convence. 
Fotografia: REUTERS/ Mark Blinch

A Comissão Europeia vai investigar o novo acordo fiscal entre a Google e Bruxelas. Este mês, a gigante tecnológica chegou a um acordo para pagar cerca de 172 milhões de euros de impostos em atraso, depois de uma investigação do fisco britânico ter detectado falhas nos pagamentos desde 2005.

Margrethe Vestager, comissária responsável pela concorrência, já fez saber que acordos entre estados-membros e empresas são anti-concorrenciais e podem constituir ajuda estatal – proibida segundo a lei europeia por poder desregular o funcionamento do mercado.

A Comissária europeia, em entrevista à BBC, afirmou que neste momento “é muito cedo para decisões” uma vez que não conhece os detalhes do acordo. Mas acrescentou: “se considerarmos matérias de preocupação, se alguém dos escrever a dizer “isto não devia ser assim”, aí iremos investigar”.

O The Guardian refere que o SNP (Partido Nacional Escocês) já fez chegar o seu pedido ao comissariado liderado por Vestager para que Bruxelas abra uma investigação a este acordo, acrescentando que o partido trabalhista deverá repetir o pedido, dando inicio a uma nova investigação.

Notícia publicada no Dinheiro Vivo a 28 de janeiro.

Casal com dois filhos deveria poder gastar por mês 766 euros em alimentação

Um casal com dois filhos deveria poder gastar por mês 766 euros em alimentação para viver condignamente.

Fotografia: Michaela Rehle/Reuters

Um casal com dois filhos deveria poder gastar por mês 766 euros em alimentação para viver condignamente e, como em média, os portugueses gastam um quarto do seu rendimento com alimentação, teria de auferir cerca de 3 mil euros.

Os dados, provisórios, relativos aos orçamentos familiares de despesa alimentar, constam do projeto-piloto para o desenvolvimento de uma metodologia comum na Europa para Orçamentos de Referência, que, em Portugal, esteve a cargo de uma equipa de investigadores coordenada por José António Pereirinha, professor do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), da Universidade de Lisboa.

“Podemos dizer que um casal com dois filhos deve poder ter rendimento que lhe permita gastar 766 euros por mês em alimentação”, adiantou o responsável. “Isto quer dizer que para viverem dignamente têm de ter isto e mais o resto e o resto é habitação, vestuário, transportes, etc.”, apontou José Pereirinha.

O estudo mostrou que os portugueses revelaram sensibilidade em relação aos aspetos culturais como a socialização que é feita à volta da comida, olhando para estes aspetos como necessidades.

O responsável apontou que as diferenças entre os países europeus no que respeita à despesa alimentar para uma dieta equilibrada é menor do que as diferenças entre os países no que respeita ao rendimento familiar disponível.

Notícia publicada no Dinheiro Vivo a 26 de janeiro.

Portugal é o país do euro que mais juros vai pagar em 2016

A dívida portuguesa apresenta o custo mais elevado entre todos os países do euro, levando 4,5% do PIB. Contribuintes pagam 23 milhões em juros por dia.

Jeroen Dijsselbloem, presidente do Eurogrupo, e Mário Centeno, ministro das Finanças. Fotografia: Olivier Hoslet/EPA

Os contribuintes portugueses vão pagar perto de 8,4 mil milhões de euros relativos a juros da dívida pública este ano. O valor representa uma fatia de 4,5% do produto interno bruto (PIB) estimado para 2016, situando-se desta forma acima do custo da dívida face ao PIB de todos os outros países da zona euro. Depois de Portugal surge a Itália (4,2%) e a Eslovénia (2,9%).

De acordo com os 17 planos orçamentais entregues em Bruxelas e o Orçamento do Estado de 2016 da Grécia, as dívidas públicas nos países da moeda única apresentam um custo médio de 2,1% do PIB. Esta média, no entanto, oculta realidades bem distintas: o peso dos juros no espaço da moeda única varia de 0,1% do PIB na Estónia aos 4,5% pagos pelos portugueses. Já em relação a Chipre, os últimos números referem-se a 2015 e apontam para um custo de 3,4% do PIB.

Apesar de apresentar o maior fardo com juros sobre os contribuintes, certo é que a dívida portuguesa não é a mais elevada do euro, já que a Grécia (188%) e a Itália (131,4%) continuarão no final do ano com um endividamento superior ao nacional, que será de 126%.

Notícia publicada no Dinheiro Vivo a 24 de janeiro.

Martin Schulz diz que Europa está a pedir sacrifícios às pessoas para salvar bancos

Presidente do Parlamento Europeu afirmou ainda que as “pessoas estão a pagar uma crise que não causaram”.

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O presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, afirmou em Bruxelas que a Europa está a pedir sacrifícios aos cidadãos “para salvar os bancos”, defendendo que é preciso envolver os parceiros sociais e defender o modelo social europeu.

“Estamos a pedir sacrifícios aos cidadãos, aos pais, para aceitarem salários mais baixos, impostos mais altos e menos serviços. E para quê? Para salvar os bancos. E os filhos estão desempregados. Se não mudarmos isso, se não voltarmos a um tratamento igualitário e justo, as promessas feitas pela Europa não serão cumpridas”, disse Martin Schulz na conferência ‘Um novo começo para o diálogo social’, que decorre hoje em Bruxelas.

Num discurso de cerca de 20 minutos, o presidente do Parlamento Europeu referiu-se em concreto ao desemprego jovem na Grécia e em Espanha, sublinhando que “as pessoas falam de uma geração perdida na Europa” e que, “mesmo os que têm emprego muitas vezes estão presos numa espiral de estágios não remunerados e de contratos de curto prazo”.

Martin Schulz afirmou ainda que “estas pessoas estão a pagar uma crise que não causaram e sentem que não é uma sociedade justa”, destacando que compreende este sentimento e defendendo que esta “geração perdida” não afeta só os jovens, mas também os seus pais, que “investiram a vida toda na educação dos filhos”.

“Se somos capazes de mobilizar milhões de euros para estabilizar o sistema bancário e temos de negociar com 28 chefes de Estado durante meses e meses por causa de seis mil milhões de euros para combater o desemprego… Compreendo os que pensam que isto não é uma sociedade justa”, disse Schulz num discurso em que evidenciou várias vezes a importância do envolvimento dos representantes dos trabalhadores e das empresas na construção de políticas e de reformas estruturais.

Notícia publicada no Diário de Notícias a 5 de março.

Casca de caranguejo usada como matéria prima em plásticos

Pierre Assémat, euronews: “Caranguejo, uma iguaria no prato, que depois sobrecarrega os depósitos de lixo. O que fazer com as centenas de milhares de toneladas de casca de caranguejo produzidas pelos consumidores europeus todos os anos? Como reciclá-las de forma eficiente?”

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Num laboratório alemão, na Baviera, os cientistas pretendem transformar quimicamente casca de caranguejo em biopolímeros de alto desempenho. Este projeto europeu de investigação adotou a abordagem de uma biorrefinaria para reutilizar os resíduos. E o primeiro passo é extrair a quitina das conchas. Depois de celulose, a quitina é o biopolímero mais abundante na Terra.

Segundo o Bioquímico, Volker Sieber, Coordenador do Projeto Chibio: “Os camarões, caranguejos, crustáceos… Uma grande proporção do seu peso corporal contém quitina. A quitina é um polissacarídeo, um polímero, composto por moléculas de açúcar, que podem reagir quimicamente ou biotecnologicamente ou que podem ser programadas de forma a produzir moléculas diferentes.”

As cascas dos caranguejos contêm outras substâncias biológicas não renováveis​​. Utilizadas para produzir biogás, podem tornar-se numa fonte de energia. Enquanto isso, os bioquímicos de Munique desenvolveram diferentes tipos de leveduras para converter a quitina em ácidos gordos através da fermentação. Um processo que demora entre 5 a 7 dias.

Daniel Garbe, também Bioquímico explica o processo: “Assim que escolhemos as diferentes leveduras através de testes de fluorescência, vamos intensificá-las num fermentador, para as ajudar a produzir ácidos gordos suficientes para novas experiências. Estes óleos são fornecidos aos nossos parceiros na indústria para processamento. As matérias gordas que conseguimos através deste procedimento são como as que se podem ver nesta amostra”.

Pierre Assémat, euronews: “Vimos o caminho para chegar à quitina presente na casca de caranguejo. Qual será a vantagem deste biopolímero?”

Os ácidos gordos são então enviados mais para norte da Alemanha, para um dos parceiros do projeto industrial.

Matthias Ullrich, Químico na Evonik Industries também explica o procedimento: “Nesta unidade, vamos processar as matérias gordas naturais previamente obtidas a partir da casca de caranguejo, através de uma reação que acontece sob alta pressão. Desta forma obtém-se a matéria-prima para os nossos plásticos.”

As matérias gordas foram transformadas a um elevado grau de pureza química. É matéria-prima para o fabrico de plástico. O próximo passo é a polimerização. O futuro biopolímero sai deste reator entre os 250 e os 300°C.

“Usamos este reator, algo que pode ser encarado como sendo uma panela de pressão, que enchemos com matérias-primas. Essa matéria-prima foi transformada a partir das matérias gordas naturais através da catálise. Depois da reação obtemos este polímero, como se pode ver aqui, que depois passa por um banho de água”, acrescenta Matthias Ullrich.

O biopolímero é moldado e as propriedades são testadas exaustivamente. Apenas com casca de caranguejo e um processo químico complexo consegue-se um produto de alta performance. Uma matéria-prima para o futuro.

Joachim Leluschko, Engenheiro na Evonik Industries acredita que:“O mais interessante nestes biopolímeros é que não utilizamos plantas, não estão em concorrência com a indústria de alimentar. Temos uma série de projetos em que usamos resíduos orgânicos. Resíduos que de outra forma seriam destruídos, vamos usá-los como matéria-prima natural para produzir plástico no futuro.”

Esta matéria-prima renovável vai servir para moldar um sem número de objetos num futuro próximo.

Publicado na Euronews a 12 de maio de 2014

Portugal tem saída limpa, com apoio político da Europa

Decisão está tomada e já foi comunicada ao Presidente da República, que acompanhou de perto o fecho do programa de ajustamento.
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A decisão está tomada e até já foi comunicada ao Presidente da República: Portugal sai do programa de ajustamento directamente para os mercados, sem programa cautelar ou qualquer tipo de seguro, mas com o apoio político dos parceiros europeus.

Esse apoio terá a forma de um comunicado em que os outros países da União dizem que, se alguma coisa acontecer, cá estarão para apoiar Portugal. Foi também assim com a Irlanda. As circunstâncias é que eram diferentes, mas no plano essencial o desfecho é o mesmo.

Juridicamente, ao que foi explicado à Renascença, só há três formas de saída do plano de ajustamento: directamente para os mercados ou com um programa cautelar, que pode ser mas leve ou mais exigente. O resto, como disse à Renascença uma fonte do Governo, “são declarações políticas, que dão conforto e segurança”.

E é isso que Portugal terá. Por opção, mas sobretudo por pressão dos parceiros europeus, pois para haver programa cautelar seria necessário que todos quisessem e isso implicaria votações nos parlamentos de alguns países. A Renascença sabe que a posição da chanceler alemã foi que não poderia haver cautelar. Se a Irlanda não precisou e Portugal precisasse, então era porque haveria um problema e, no entendimento da chanceler, havendo um problema então mais valia esperar um ano para Portugal terminar o programa.

Assim também se explica a evolução da posição do próprio Governo. Ainda no princípio do ano, Passos Coelho defendia em privado as virtudes de um programa cautelar. Mas, desde há dois meses que ninguém no Governo considerava outra hipótese que não fosse a saída sem programa.

E é isso que Passos Coelho irá anunciar no domingo ao país, mas que já comunicou ao Presidente da República. De acordo com fontes contactadas pela Renascença, Cavaco Silva acompanhou muito de perto a fase final das negociações e Passos Coelho antecipou-lhe esta sexta-feira o que vai dizer na comunicação ao país que fará no domingo.

Publicado na Rádio Renascença a 03 de maio de 2014