Arquivo mensal: Maio 2014

União Europeia não reconhece o referendo separatista na Ucrânia

Votação no referendo pró-russo ultrapassou os 80% em Lugansk e os 50% em Donetsk.A União Europeia não vai reconhecer os resultados dos “pretensos referendos” sobre a independência de Donetsk e Lugansk promovidos pelos separatistas russos.

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De acordo com a porta-voz da chefe da diplomacia europeia, os “pretensos referendos foram ilegais” e por isso os resultados não vão ser reconhecidos.

Aqueles que organizaram a votação “não têm legitimidade democrática” e a “organização a que pertencem é contrária aos objectivos da declaração conjunta de Genebra que pretende atenuar a tensão”, acrescentou Maja Kocijancic, a porta-voz de Catherine Ashton.

A votação no referendo pró-russo ultrapassou os 80% em Lugansk e os 50% em Donetsk, divulgaram este domingo os activistas pró-russos das duas regiões do
sul da Ucrânia.

“Mais de 50% já votaram na região de Donetsk. Recebemos os dados do distrito Krasnolimanski: ali a participação superou os 70%”, disse aos jornalistas Román Liaguin, chefe da comissão eleitoral da autoproclamada República Popular de Donetsk.

Os votantes destas províncias de Donetsk e Lugansk, onde vivem 7,3 milhões de pessoas, de um total de 46 milhões de habitantes da Ucrânia, estão a ser questionados este domingo sobre se apoiam a criação de duas repúblicas independentes, o que é encarado por muitos como um passo antes de se juntarem à Rússia, como aconteceu com a Crimeia.

Kiev considerou o referendo para a “independência” no leste da Ucrânia uma “farsa criminosa” financiada pelo Kremlin, segundo um comunicado do ministério dos Negócios Estrangeiros ucraniano.

Os resultados são anunciados na segunda-feira, apesar de serem possíveis atrasos por causa dos conflitos na região, que causaram nos últimos dias dezenas de mortos e mais de uma centena de feridos.

Publicado na Rádio Renascença a 11 de maio de 2014

Comissão Europeia cria visto de circulação no espaço Schengen

As novas regras dos vistos para cidadãos de países terceiros vão beneficiar turismo e criação de emprego, diz Bruxelas.

PORTUGAL GREVE DOS PILOTOS DA AVIAÇÃO CIVIL

A Comissão Europeia vai criar um visto de circulação que permitirá aos cidadãos de países terceiros circularem durante um ano dentro do espaço Schengen. O novo visto “irá estimular a actividade económica e a criação de emprego, nomeadamente, no sector do turismo ou em actividades conexas, como as indústrias de transporte e de restauração”, revelou a Comissão numa nota divulgada esta terça-feira.

“A Europa precisa de uma política de vistos mais inteligente”, defendeu a Comissária dos Assuntos Internos, Cecilia Malmström, que quer ver reforçada “a dimensão económica” da  política de vistos comunitária. Além da criação do visto de circulação, Bruxelas quer também reduzir as burocracias, custos e prazos inerentes ao actual sistema de atribuição de vistos.

Um estudo realizado no ano passado pela Direcção-geral de Empresas e Indústria (DGEI) da Comissão Europeia concluiu que, em 2012, a Europa perdeu 6,6 milhões de potenciais viajantes, provenientes dos seis países com mais viajantes (China, Índia, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul e Ucrânia) devido à complexidade do sistema de atribuição de vistos.

Isto implica um prejuízo anual entre 4200 a 12.600 milhões de euros e uma perda de entre 80 mil a 250 mil empregos no espaço Schengen, concluiu a análise da DGEI, destinada a aferir o impacto da introdução de vistos de curta duração no sector do turismo. A conclusão é que a criação de mecanismos mais flexíveis poderia aumentar em cerca de 30% a 60% o número de viagens à Europa dos cidadãos dos seis países referenciados, gerando despesas directas no valor de 130.000 milhões de euros num período de cinco anos.

Além deste aumento do consumo (alojamento, alimentação e bebidas, transportes, entretenimento e compras, entre outros), a flexibilização do sistema de vistos conduziria à criação de 1,3 milhões de empregos no sector do turismo e outros sectores conexos, concluiu o estudo.

A alteração à política de vistos irá “ajudar a indústria europeia do turismo a fazer face ao considerável aumento do fluxo de turistas esperado”, afirmou o vice-presidente da Comissão Europeia Antonio Tajani, que vê no sector “o motor de crescimento da Europa”.

Além dos turistas, o visto de curta duração beneficiará também os artistas que realizam espectáculos ao vivo e que viajam pelo espaço Schengen por período longos e os investigadores e estudantes que querem passar mais tempo na Europa, considera Bruxelas.

O novo visto poderá ser prorrogado por um período máximo de dois anos, desde que o requerente não permaneça mais de 90 dias num mesmo Estado Membro, por cada período de 180 dias.

As propostas apresentadas esta terça-feira, de reformulação do regulamento sobre o Código de Vistos da União Europeia e criação do visto de circulação, têm agora que ser aprovadas pelo Conselho da União Europeia e pelo Parlamento Europeu, o que deverá ter lugar no início de 2015.

Quando estas entrarem em vigor, as alterações vincularão todos os Estados Membros da UE que aplicam a política comum de vistos do espaço Schengen, assim como os quatro Estados associados (Islândia, Liechtenstein, Noruega e Suíça). Esta é uma política da qual estão excluídos Bulgária, Croácia, Irlanda, Chipre, Roménia e Reino Unido.

Publicado no P3 a 01 de abril de 2014

Maria d’Aires Soares eleita nova representante da Comissão Europeia em Lisboa

A nova representante portuguesa, em cargos anteriores, desenvolveu uma estratégia de cooperação entre a União Europeia e o Brasil, a Índia, a China, o Japão, a Rússia, a Coreia do Norte e os Estados Unidos da América.

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Maria d’Aires Soares foi eleita nova chefe da representante da Comissão Europeia em Lisboa. A tomada de posse pela antiga Ministra Conselheira vai ser no próximo dia 16 de Maio.

Integrada na Comissão Europeia desde 1989, Maria d’Aires Soares fazia parte da Direcção-Geral da Investigação e da Inovação. Antes da actual nomeação a nova chefe da representação da Comissão Europeia foi Ministra Conselheira, Chefe da Divisão de Investigação, Tecnologia, Inovação e Educação da Delegação da União Europeia nos Estados Unidos da América, em Washington D.C.

A nova representante de Portugal terá como objectivos principais difundir informações sobre a Comissão Europeia e outras instituições e Órgãos da União, bem como dar a conhecer os acontecimentos com mais relevância acerca da opinião pública em Portugal sobre a União Europeia.

Cabe a Maria d’Aires Soares dizer à Comissão o estado da evolução do país e dar a conhecer ao público as políticas da União Europeia.

Publicado no Público a 05 de maio de 2014

Portugueses e búlgaros entre os europeus menos satisfeitos com a vida

Eurobarómetro “Europeus em 2014” revela que a média da União Europeia aponta no sentido contrário. Os portugueses têm, por outro lado, mais confiança na UE do que no Governo do país.
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Os portugueses são, a par dos búlgaros, os europeus mais insatisfeitos com a vida e dos mais descrentes quanto a uma evolução positiva no futuro próximo, revela um inquérito divulgado esta segunda-feira pela Comissão Europeia.

Mais de metade (62%) dos inquiridos em Portugal declara-se insatisfeito, “de uma forma geral”, com a vida que tem. Apenas 38% estão satisfeitos.

O valor só é igualado pela Bulgária, mas os gregos (58%) e os romenos (53%) também não andam satisfeitos. A média da União Europeia (UE) aponta no sentido contrário: 75% dos cidadãos estão satisfeitos com a vida.

Aqui, a lista é dos que mais sorriem é encabeçada pelos suecos e dinamarqueses (97%), seguidos pelos finlandeses (95%) e os luxemburgueses (94%). Apesar do contexto económico da Espanha, uma grande maioria dos espanhóis (71%) mostra-se satisfeita.

O Eurobarómetro sobre os “Europeus em 2014” é dedicado às percepções dos europeus face à actual situação económica e às suas principais preocupações. O estudo mostra ainda que os portugueses têm mais confiança na União Europeia do que no Governo.

Situação económica “muito má”

Quando questionados sobre a situação económica no seu país, 97% dos inquiridos em Portugal classificam-na como “má ou muito má”.

Ao nível da situação financeira do agregado familiar, os portugueses também não se mostram felizes: 67% dão-lhe classificação negativa.

Quanto à sua situação profissional, 51% dos inquiridos portugueses classificam-na de má, 40% consideram-na boa e 9% não sabem ou não respondem. A Hungria acompanha Portugal neste “ranking”.

Olhando para o futuro próximo, apenas 17% dos portugueses acham que a vida vai melhorar – o valor mais baixo de toda a UE. Há ainda 45% de portugueses para quem a situação económica vai piorar.

O inquérito “Europeus em 2014” decorreu em Março nos 28 Estados-membros da União. Em Portugal foram inquiridas 1.025 pessoas.

Publicado na Rádio Renascença a 13 de maio de 2014

Consumo de álcool em Portugal continua dos mais elevados da Europa

A média de consumo de álcool em Portugal desceu de 14,4 para 12,9 litros per capita entre 2003 e 2010, mas continuava acima da média europeia de 10,9 litros, segundo um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS).

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Segundo os dados do documento, divulgado esta segunda-feira, Portugal mantém-se entre os 10 países da Europa com mais consumo de álcool médio por pessoa, numa lista com 44 países.

A Bielorrússia surge como o país com maior consumo, com uma média de 17,5 litros de álcool per capita, seguida pela Moldávia, com 16,8 litros e da Lituânia com 15,4.

Em Portugal, a média de consumo per capita passou de 14,4 litros no período 2003-2005 para os 12,9 litros entre 2008-2010, uma redução de 1,5 litros per capita.

Também a média europeia decresceu no mesmo período, passando de 11,9 litros para 10,9, mas a Europa continua a ser a região do globo onde o consumo é mais elevado.

Os homens portugueses consomem em média o dobro do que as mulheres, respetivamente com 18,7 litros per capita e 7,6 litros, segundo os dados do relatório, que reportam a 2010.

Números mais recentes, de 2012, são os relativos à influência do álcool nos acidentes rodoviários: 17,2 em cada 100 mil homens portugueses 4,8 em cada 100 mil mulheres morrem na estrada devido ao álcool.

No que respeita à prevalência de distúrbios ligados ao álcool e a situações de dependência, Portugal surge abaixo da média europeia.

Os dados de 2010 mostram que 5,8% da população portuguesa acima dos 15 anos manifestava distúrbios ligados ao álcool e que 3,1% tinha dependência.

Quanto ao tipo de bebida, em Portugal o vinho continua a representar 55% do álcool consumido, seguindo-se a cerveja com 31%, as bebidas espirituosas com 11% e outro tipo não especificado de bebidas com 3%.

Apesar de surgir, no conjunto dos países da Europa, com um elevado consumo per capita, Portugal tem também um grande número de abstémios, com 43% da população a não ter consumido álcool nos 12 meses anteriores.

Publicado no Jornal de Notícias a 12 de maio de 2014

Tarifas de “roaming” a caminho do fim

O Parlamento Europeu aprovou esta quinta-feira, 3 de Abril, a proposta que pretende pôr fim às tarifas de “roaming”. A partir de Dezembro do próximo ano os preços das comunicações móveis, na União Europeia, poderão deixar de ter fronteiras.
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A comissária europeia para a Sociedade de Informação, Neelie Kroes, tem lutado para que dentro da União Europeia deixe de existir tarifas diferenciadas nas comunicações móveis. O mesmo é dizer que as chamadas, as mensagens escritas e o acesso à internet através de dispositivos móveis custariam o mesmo em qualquer país europeu.

Neelie Kroes conquistou, esta quinta-feira, uma nova etapa. O Parlamento Europeu deu o seu voto favorável à proposta para o fim das tarifas de “roaming” a partir de 15 de Dezembro de 2015.

Esta é a face mais mediática da proposta aprovada que reforma todo o sector das telecomunicações e que tem suscitado debate aceso neste mercado, nomeadamente o papel que a Comissão Europeia terá nas medidas de regulação nacionais.

Em relação ao “roaming”, o texto aprovado no Parlamento Europeu, segundo comunicado desta assembleia, diz claramente que os “fornecedores de serviços de itinerância não devem cobrar qualquer sobretaxa, em comparação com as tarifas aplicadas aos serviços de comunicações móveis a nível nacional”, no entanto, acrescenta que em caso de “utilização anómala ou abusiva” do “roaming”, os operadores podem aplicar uma “cláusula de utilização razoável” para o consumo.

Neelie Kroes, numa mensagem divulgada no “site” da Comissão Europeia, lembra ter prometido em 2010 pôr fim às tarifas de roaming até final de 2015 e “estamos a um pequeno passo de atingir esse objectivo”.

Os Estados-membros da União Europeia vão agora continuar as negociações da proposta de regulamento. A Comissão Europeia espera chegar a um acordo definitivo até ao fim do ano, diz em comunicado.

O pacote de reforma das telecomunicações tem, no entanto, outro ponto de aceso debate, que tem a ver com a designada neutralidade da rede, que é a possibilidade ou não de um operador limitar a velocidade ou o acesso de internet.

O Parlamento Europeu garante, em comunicado, que “propõe regras mais estritas para proibir os fornecedores de serviços de acesso à Internet de bloquear ou abrandar conteúdos, aplicações ou serviços dos seus concorrentes”, acrescentando que os operadores “poderão continuar a fornecer serviços especializados de maior qualidade, como vídeo a pedido e aplicações de computação em nuvem de utilização intensiva de dados, de importância crítica para empresas, se estes não implicarem prejuízos em termos de disponibilidade ou qualidade dos serviços de acesso à Internet”.

Mas, acrescenta o comunicado do Parlamento Europeu, “os fornecedores não deverão discriminar entre serviços e aplicações funcionalmente equivalentes”.

Na aprovação desta quinta-feira, os eurodeputados dizem ter reduzido a lista de casos excepcionais em que os operadores podem bloquear ou abrandar o acesso a determinados conteúdos. “Isto apenas deverá ser permitido para dar execução a uma decisão judicial, para preservar a integridade e segurança da rede ou para prevenir ou minimizar os efeitos do congestionamento temporário e excepcional da rede”.

Publicado no Jornal de Negócios a 03 de abril de 2014

Vai ser mais fácil tentar encontrar emprego na União Europeia

A rede Eures conta, actualmente, com quase dois milhões de ofertas de emprego, em mais de 30 países.
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O Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) e a Comissão Europeia preparam o alargamento da rede Eures, um instrumento de ajuda para quem procura emprego noutro Estado-membro.

Desde o seu início que a Eures está acessível apenas através dos centros de emprego, mas, em breve, deverá passar também para outras entidades públicas e privadas, avança à Renascença a directora do departamento de emprego do IEFP, Adélia Costa.

“Vai permitir alargar e diversificar as possibilidades e as ofertas. Está também previsto que, ao nível da rede Eures, possam existir outros serviços que não apenas aquilo que basicamente é hoje o Eures, que é informação, aconselhamento, oferta e colocação, mas que possa também haver a componente de apoio para estágios profissionais e para aprendizagem”, afirma a responsável.

A rede Eures conta, actualmente, com quase dois milhões de ofertas de emprego, em mais de 30 países. É uma ajuda para quem procura trabalho dentro da União Europeia e que está a crescer para chegar a mais cidadãos.

Em Portugal os candidatos a emprego através da rede Eures dispararam, sobretudo depois de 2011, ano da chegada da crise e da “troika” ao país.

Adélia Costa, directora do departamento de emprego do IEFP, diz que em 2011 havia um total de 6.200 candidaturas, um número que disparou para 12 mil em 2012 e para 15.426 em 2013.

Publicado na Rádio Renascença a 01 de maio de 2014

Há 18 partidos a concorrer às eleições europeias de Maio, o maior número de sempre

Só dois partidos políticos não concorrem ao Parlamento Europeu. Eduardo Welsh (PND), Marinho e Pinto (MPT) e José Manuel Coelho (PPT) são as principais novidades.

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Há 16 candidaturas, duas das quais são coligações – Aliança Portugal (PSD/CDS-PP) e CDU (PCP e Os Verdes) – aos 21 lugares no Parlamento Europeu (PE) que se disputam em Portugal no próximo dia 25 de Maio.

O prazo para a entrega de listas terminou esta segunda-feira e dos 20 partidos reconhecidos pelo Tribunal Constitucional, só dois não se apresentaram às europeias, o Partido Humanista e o Partido Liberal Democrata.

Caso as listas sejam todas admitidas – o que só se saberá a 7 de Maio -, esta eleição vai ser a mais concorrida desde que as europeias se realizam em Portugal. Em 2009 já se apresentaram 13 candidaturas, duas das quais pertencentes a formações políticas hoje extintas, o Movimento Esperança Portugal e o Movimento Mérito e Sociedade [que deu origem ao Partido Liberal Democrata].

As maiores novidades são a concretização das candidaturas de dois outsiders da política partidária: o madeirense Eduardo Welsh, cabeça de lista pelo Partido Nova Democracia (fundado por Manuel Monteiro, ex-líder do CDS) e o ex-bastonário da Ordem dos Advogados, António Marinho e Pinto, que cedo foi anunciado como número um pelo Movimento Partido da Terra (MPT).

Menos mediáticas, mas também novidade, são as candidaturas do PAN (Partido pelos Animais e pela Natureza), PDA (Partido Democrático do Atlântico, formado nos Açores), o PTP (Partido Trabalhista Português, com maior incidência na Madeira) e o PPV (Portugal pró Vida), que não concorreram em 2009, apresentaram desta vez candidaturas às eleições europeias. O PAN vai ter como cabeça de lista Orlando Figueiredo, e o PTP o conhecido madeirense José Manuel Coelho. Quanto ao PPV, partido assumidamente católico e anti-aborto, o cabeça de lista é Acácio Valente, mestre em Bioética Teológica.

A geografia política das candidaturas é, assim, bastante diferente das anteriores. Além de PSD e CDS concorrerem em coligação, há dois novos partidos à esquerda que surgiram já depois das últimas europeias, em 2009: o Livre, reconhecido já em Março deste ano, cujo cabeça de lista é Rui Tavares, actual eurodeputado independente que tinha sido eleito inicialmente pelas listas do BE, e o Movimento Alternativa Socialista (MAS), constituído em Julho passado e que apresenta Gil Garcia – outro ‘dissidente’ do BE – como número um da lista.

Nos últimos meses, houve várias tentativas de diálogo entre as tradicionais forças da esquerda e estas novas para tentar constituir uma grande coligação, mas todas falharam, resultando agora numa maior pulverização das candidaturas assumidamente à esquerda do PS.

Todos os partidos já com assento no PE recandidatam actuais eurodeputados, à excepção dos socialistas, que deixaram ‘cair’ Vital Moreira e apresentam um “repetente”, Francisco Assis, que já esteve em Bruxelas nos dois mandatos anteriores (de 2002 a 2009). Mas só Paulo Rangel repete o lugar de cabeça de lista. Nuno Melo, que foi número um da lista do CDS em 2009, fica agora na quarta posição da Aliança Portugal, enquanto Marisa Matias (BE) e João Ferreira (PCP) sobem na hierarquia das listas dos seus partidos.

“Desta vez é diferente”

Com a entrada da Croácia na União Europeia, Portugal perdeu um lugar no PE em relação à última composição. Mas pode perder muito mais que isso em termos de peso político no contexto europeu. Desde logo, porque é certo que perde a presidência da Comissão Europeia, que Durão Barroso desempenhou nos últimos 10 anos (o seu mandato termina a 31 de Outubro).

Aliás, a grande diferença destas eleições relativamente a 2009 é que o presidente deste órgão executivo da União passa a ser eleito pelo Parlamento Europeu e designado pelo Conselho Europeu (que reúne os governos dos 28 Estados-membro), num complexo jogo político para o qual não bastará ser o candidato do grupo parlamentar mais votado. É esta novidade que motiva a campanha de sensibilização europeia que está a ser feita em torno deste acto eleitoral, sob o lema “Desta vez é diferente”.

Os principais candidatos à sucessão de Barroso são o socialista alemão Martin Schulz, actual presidente do PE, e Jean-Claude Juncker, antigo primeiro-ministro do Luxemburgo e ex-presidente do Eurogrupo. Ambos deverão passar por Portugal no início de Maio, no âmbito da campanha que irão fazer por toda a UE.

Publicado no Público a 14 de abril de 2014

Eis o perfil do eurodeputado português

Em média tem 49 anos e experiência parlamentar, é jurista e cumpre apenas um mandato no Parlamento em Bruxelas, conclui um estudo europeu.

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Já foram 25 e hoje são 22 os eurodeputados portugueses no Parlamento Europeu. A partir das próximas eleições passarão a ser 21, o que reflete uma perda gradual de proporção no total de assentos parlamentares, em resultado do alargamento da União Europeia (UE) e do aumento do número total de eurodeputados. Se em 1987, a proporção de portugueses era de 4,6%, em 2009 passou para 2,9%.

A adesão de Portugal à então Comunidade Económica Europeia deu-se em 1986, mas foi em 1987 que se elegeram eurodeputados nacionais pela primeira vez. Desde então, a maioria manteve-se em funções apenas durante um mandato, ou seja, cinco anos.

Foram poucos os que permaneceram no Parlamento mais de 10 anos até hoje (menos de 10%), segundo as conclusões do estudo europeu “Participação na tomada de decisões da UE: Portugal numa perspetiva comparativa”, da autoria de Richard Rose e Alexander Trechsel e com o apoio da Fundação Francisco Manuel dos Santos.

O facto de ficarem pouco tempo em funções faz com que a taxa de rotatividade dos portugueses no Parlamento Europeu seja das mais altas. Em 1987, era de 46%; em 2009 era de 68%. Isso significa que dos 22 deputados eleitos em 2009, 15 entraram no Parlamento pela primeira vez. Mais rotativos do que os portugueses só os italianos, os gregos e os lituanos. Os ingleses são os que mais tempo ficam.

Por trás da rotatividade surgem as desvantagens. “Ter deputados que estão no Parlamento há muitos anos é importante”, sublinha Paulo Sande, antigo diretor do Gabinete do Parlamento Europeu em Portugal. “No Parlamento, o peso institucional decorre do peso individual. Mais do que as alianças consistentes que possam existir e da disciplina partidária, é preciso prestígio pessoal”, sublinha.

Para Marina Costa Lobo, politóloga e responsável por um projeto de investigação do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa que se debruça sobre a personalização da política, a rotatividade tem uma “influência nefasta” na qualidade do trabalho parlamentar: “É uma marca distintiva da falta de valorização do trabalho do eurodeputado por parte dos partidos nacionais”.

A investigadora ressalta que a passagem pelo Parlamento é vista como “um prémio a atribuir pelo líder a algumas personalidades”, prevalecendo nos partidos a lógica nacional. “Pensam no Parlamento Europeu como uma gaiola dourada, sem atenderem ao valor que o grupo parlamentar na Europa tem.”

Entre os mais novos

Mesmo que seja para ficar apenas um mandato, quando chegam ao Parlamento os portugueses são dos mais novos. Têm 49 anos, em média. Os mais velhos são os cipriotas e os luxemburgueses, com 57 anos. Mais novos ainda do que os portugueses surgem os búlgaros (45 anos). Essa era a média de idades dos portugueses da primeira delegação, composta unicamente por homens.

O que também evoluiu foi a proporção do número de mulheres, que até 2009 se manteve longe da média no Parlamento. Em 1994, menos de 10% dos eurodeputados portugueses eram mulheres, quando a média das restantes delegações estava nos 25%. Nas últimas eleições, pelo contrário, Portugal atingiu um nível de representação feminina ligeiramente acima da média europeia.

Independentemente do género, foram os juristas que mais chegaram aos assentos parlamentares: foi essa a profissão de um quinto dos deputados portugueses desde o primeiro mandato. A seguir estão os professores catedráticos, os políticos a tempo inteiro e os economistas. Em menor número estão os gestores de empresas ou os médicos. Quanto a experiência prévia, 71% tinham passado pela Assembleia da República e menos de metade fez parte do Governo.

O estudo mostra ainda que os portugueses são os que apresentaram o melhor rácio de relatórios por eurodeputado entre 2009 e 2012 (1,4 por cada um), ao contrário do que aconteceu em legislaturas anteriores (em 1999-2001 o rácio era de 0,2).

Que papel têm? 

Sendo as europeias umas eleições “de segunda ordem”, ou seja, “eleições onde os votantes aproveitam para exprimir uma opinião sobre o Governo nacional”, como explica Marina Costa Lobo, “não é verdadeiramente o Parlamento Europeu que está em causa”.

Nesse sentido, que papel podem ter os eurodeputados na definição dos votos? “Os cabeça de lista são importantes, na medida em que a campanha está centrada neles, e são eles que dão voz aos respetivos partidos nacionais”, responde a politóloga. “No entanto, a falta de visibilidade do trabalho dos eurodeputados em geral, no quadro do enfraquecimento do Parlamento Europeu joga também em desfavor destes”, conclui.

Cerca de metade dos eurodeputados de hoje, incluindo os portugueses, deixará o Parlamento após as eleições do próximo dia 25, abrindo caminho para um novo começo, ainda em 2014.

Publicado no Expresso a 14 de maio de 2014

Portugueses confiam mais na Europa que no Governo

Os portugueses têm mais confiança na União Europeia (UE) do que no Governo, com 26% contra 14% de respostas positivas, segundo um Eurobarómetro especial sobre os europeus em 2014, hoje divulgado.

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Segundo o inquérito, 14% dos portugueses dizem confiar no Governo (um ponto abaixo dos resultados do Eurobarómetro de novembro de 2013) e 26% atestam a sua confiança na UE (mais três pontos percentuais).

A Assembleia da República tem ainda pior imagem, com apenas 13% dos inquiridos em Portugal a dizerem confiar no trabalho dos deputados, uma descida de dois pontos percentuais em relação ao inquérito anterior.

Os números da desconfiança dos portugueses no Governo e no Parlamento são da ordem dos 85% (mais dois pontos) e na UE dos 70% (menos um ponto percentual do que o resultado de novembro de 2013).

Questionados sobre a confiança nas autoridades públicas
regionais ou locais, 34% dos portugueses respondem afirmativamente, mas este número está 12 pontos abaixo do registado há seis meses, enquanto a percentagem de desconfiados aumentou 13 pontos, para os 64%.

O inquérito revela ainda que o apoio dos portugueses a uma união económica e monetária (UEM) europeia com o euro como moeda única desceu seis pontos em seis meses, para os 44%, enquanto metade dos inquiridos se dizem contra a UEM, mais seis pontos do que em novembro.

Em Portugal foram questionadas 1.025 pessoas, entre os dias 15 e 24 de março.

Publicado na TVI24 a 12 de maio de 2014